Leituras 2021

 


Vou lendo pra onde me aponta o nariz , às vezes 

com um propósito claro. Tantas vezes vou no vento. No fim de cada ciclo, paro pra ver o que foi que aconteceu, se houve uma conversa entre essas intenções e buscas para o resumo da ópera.

Um ano de pouco pulso na escrita, uma desmotivação radical no osso com essa atividade, como há década não sentia, e talvez 

como forma de autocompensação, de outra mão a pegada até meio exagerada na leitura. 

Ser escritor é sempre uma profissão de fé, uma fé laica e universalista. Todo criador se alimenta do texto que ainda não veio, mas eventualmente já existe em germe. Enquanto a veia não retorna, seguindo nas leituras (essas co-autorias de apropriação segundo Barthes) Uma espécie 

de busca pela renovação que a palavra traz 

independente do gênero pelo qual se manifeste.

De todo modo, feliz com as leituras. Dizia Mainardi (a quem tenho muitos motivos políticos para odiar e alguns motivos literários para me aproximar), que é mais feliz como leitor que escritor. Talvez seja isso. A escrita me esgota. A leitura me refaz.

Também uma diminuição do fluxo de poesia lida ou escrita e a necessidade sentida de retorno à prosa, rearticulação e leituras de fundamentos, Filosofia, ensaios sobre cultura, cinema, psicanálise e alguma coisa da minha 

adorada Antropologia, sem a qual minha experiência do mundo seria assim algo tão restrito. 

Que o próximo ano seja pleno de muita saúde e muitos livros. Não se vive de fato uma vida sem eles