Notícias de um massacre

Hoje mais cedo

Notícias da Palestina 

As mesmas de sempre 

Mais 70 mortos 

30 crianças despedaçadas

E outros tantos de tiros fome e sede

Mulheres violadas e mortas

com soldados cantando e dançando sobre seus corpos

Velhos, garotos e cidadãos aleatórios

atingidos por projéteis 

enquanto vão ali buscar pão e água 

para suas famílias que resistem nos escombros 


As risadas e sem-cerimônia enquanto se mata

O silêncio imperdoável dos grandes

A cumplicidade no jogo

de cartas marcadas


Nunca foi uma guerra

Guerra, por definição,

ou como nos lembra a História 

da modernidade 

com seu peso e suas estratégias 

suas consequências imprevisíveis

a movimentação entre Estados 

Pressupõe ao menos duas forças em combate 

e guarda ainda alguma dignidade em morrer

diante do que acontece ali

na Palestina


Uma nação desarmada 

Uma nação ainda sem país, querendo sua terra

Um povo que deseja unicamente que lhe seja permitido um direito que já lhe assiste

Que lhe seja reconhecido aquilo que já é seu há séculos 


O que acontece hoje, a olhos vistos

É como se abrissem a própria boca do inferno 

E todos os demônios vomitassem ódio e fogo

como lava derretendo 

sobre as costas de um único povo

dia e noite, noite e dia


Mandantes sanguinários em seus gabinetes

Soldados treinados na arte da carnificina 

Usam bombas de fósforo , que foram banidas há mais de  década por serem excessivamente cruéis 

Os fuzis de alta precisão que acertam velhos, mulheres e crianças 

O não -deixar comer

O não -deixar dormir 

O não-deixar morar porque querem

sobretudo suas ricas terras

O nao-deixar sair dos guetos 


As multiformes aparências do terror

patrocinado por um Estado 

que há pouco nem existia

e cujo povo em grande parte 

testemunhou por seus pais e avós 

a maior e mais dolorosa face do homem

há algumas décadas atrás 


Desligo a tela brilhante 

Na sequência fecho os olhos e elimino

mentalmente com a força 

de mil bombas atômicas 

Elimino na porrada

Elimino com raios e trovões 


Elimino aviões carregados de armas

Cercas elétricas 

Elimino bombas e fuzis

7000 soldados de Israel

7000 soldados do ocidente que apoiam Israel 

Elimino ainda o premiê genocida 

cujos atos faz qualquer um que tenha consciência 

duvidar da existência do bem 


Elimino em pensamento esses seres

vis e cruéis 

E os caras que venderam as armas para eles

talvez piores em sua ganância 


Na minha mente por alguns segundos

reina a paz


Na Palestina ainda não