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Shape of water

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(tem spoiler) Com globo de ouro de direção e treze indicações ao Oscar, vem aí "A forma da água". Não assisti ainda aos concorrentes, mas tô achando difícil levar o Oscar de melhor filme. Mesmo sendo um cineasta bastante irregular, é devido todo o respeito ao mexicano Guillermo del Toro, o cara que realizou  bons filmes como "Hellboy", a franquia "O Hobbit", e o fantástico  "O labirinto do fauno", um dos melhores filmes já produzidos, que ambienta fantasia e realidade histórica com uma poesia impactante, nos bastidores da guerra civil espanhola. Contudo, ao dar novamente asas à fantasia em "Shape of water", a fábula não disse a que veio. Há alguns flashes de poesia aqui e ali, e o trabalho dos (bons) atores não e´de se desperdiçar, assim como a  bela fotografia que não decepciona, mas vamos logo na jugular: que puta história fraca!  E isso não tem relação com o fato de se transitar no terreno da fantasia.  Há belíssimas obras d

Conhecendo melhor o inimigo

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A luta interminável contra as garras de um inimigo sorrateiro: a depressão, e alguns preciosos aliados na batalha cotidiana, que vão surgindo pelo caminho. A idéia não é diminuir artificialmente o tamanho do monstro, mas transformá-lo em linguagem ,poesia, movimento e corpo, chamá-lo pelo nome e a partir daí, identificando sua natureza, utilizá-lo, transformá-lo em força criadora, vencendo-o em seu próprio território. Há várias frentes possíveis, mas a arte é espaço privilegiado nesse campo, porque permite criar para além de si, superando seja pela metáfora, pela sublimação, a personificação de vivências de alteridade do mundo, vivenciais ou imaginárias, mas sobretudo extremamente ricas e intersubjetivas, possam ser experimentadas de foma mais ampla que as tacanhas limitações físicas do mundo "real". O ponto de partida é que o problema não ataca qualquer um, como diriam Kierkegaard, Heidegger e os existencialistas. Ou melhor, até podem atacar qualquer um, uma vez que

Valhala

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"Vikings", do History Channel, já no quinto ano,  encantando com  a qualidade técnica da produção, belíssima fotografia, roteiros extremamente densos escritos em sintonia com as últimas descobertas arqueológicas e escavações na região habitada pelo povo nórdico há mil anos atrás. Há cerca de 10 anos, as novas descobertas mudaram a concepção de diversos pontos ainda obscuros nessa história, tornando-a mais próxima e viva. Beleza de viagem no tempo, com extremo realismo cênico, a bordo dos terríveis Drakkares no mar do norte, com Ragnar, Rollo, Floki e a incrível Lagertha, ela sozinha sendo um bom motivo à parte para qualquer marmanjo virar fã de carteirinha.

Cinco Graças

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A beleza e a força do corpo feminino  contra a repressão   na terra dos Aiatolás, em "Cinco Graças" . Liberdade e luta. Poesia do início ao fim ---------------- Prece do Belo Caminho (ritual dos índios Navajo) Hoje sairei a caminhar Hoje todo mal há de me abandonar Serei tal como fui antes Terei uma brisa fresca a percorrer-me o corpo Terei um corpo leve Serei feliz para sempre Nada há de me impedir Caminho com a beleza à minha frente Caminho com a beleza atrás de mim Caminho com a beleza abaixo de mim Caminho com a beleza acima de mim Caminho com a beleza ao meu redor Belas hão de ser minhas palavras Belas hão de ser minhas palavras Belas hão de ser minhas palavras

Brotherhood of blades

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A beleza das mulheres orientais, da fotografia, das sequências de luta e das paisagens deslumbrantes da China e do Japão, em Brotherhood of blades II,  "The infernal battlefield". Extasiado

Sagas

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A beleza dos contos reunidos em "Sagas", de Strindberg, escritos há mais de cem anos como um presente futuro para sua filha pequena, Anne-Marie, que ainda não completara um ano de idade. O livro reúne pequenas obras-primas escritas com tanto talento, ternura e gênio, misturando dramaturgia, narrativas, "realismo" e fantasia, que vem transcendendo épocas e gerações no legado de uma das grandes obras da literatura, cujo gênero por vezes é denominado "Infantil", de forma limitante e equivocada, quando deveria ser considerado matriz universal da experiência humana. Há quem considere o livro como uma prévia do que seria mais tarde a riquíssima vertente do "realismo fantástico", na literatura. Eu não tenho a menor dúvida quanto a isso. E independentemente de todos os paralelos e analogias possíveis, a beleza do texto fala por si só. Leitura mágica. ------------------- INSPIRAÇÃO ( Para Strindberg) Ao poeta mais vale a beleza do mome

Merlí

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Seriado produzido pela Tv da Catalunha, já na segunda temporada. Jeito inteligente de aprender Filosofia

Mundo paralelo

A fuga, amigo! quem quer viver da realidade Essa coisa tacanha e mordaz que nos cobra no cotidiano uma espúria cumplicidade? O capitalismo que se exploda! O sistema que se dane! Venha o etéreo, o desvão dos sentidos os mundos perdidos que nos aguardam na imaginação Sinestesia com o mundo apenas o tato, o olhar, o gosto De resto, o viajar o partir para o inconcreto e rico do viajar Olhos cansados que experimentam uma outra beleza E deixe o ranger da vida moer seus ossos no andar de baixo agastando-se no meio de tanto tédio flutue alto nesses novos mundos e esqueça a caixa de Pandora porque pra isso nunca haverá remédio

Poema sem titulo

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Na ida Debaixo da taba improvisada o indiozinho que mora ao lado da BR Sem camisa Short tactel, cara suja umas perebas sobre as pernas resto de mingau na cuia Contas, conchas, penas de arara colar é quinze pulseira é dez gamela é trinta A foto é cinco real, moço A inocência da criança Sorriso gratuito rolando na poeira com os seus Um papagaio pequeno Um cachorro magro A moça empolgada do chapéu largo grandes óculos de sol e fotos muitas fotos Caminho de volta Perebas fizeram mais uma vítima Fugindo num segundo desse espírito da miséria Curumim ganhando asas como as flamas das araras Que habitaram impunes por milênios esses recantos Voa longe, indiozinho, e leva junto o meu abraço pra um tempo-espaço onde tudo que é livre realmente vive e não há mais dores nem cansaço

Aprendizado

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Força Equilíbrio Leveza A beleza De aprender O próprio corpo Como uma missão Um fim em si mesmo Sem pedir perdão

Black Mirror 4

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De volta a ousadia de uma das coisas mais inteligentes já produzidas para a telinha

Grão

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Grão claro, grão escuro Muito torrado Pouco torrado Coado Filtrado Ou puro Na memória Pra matar a  fissura Sei nada sobre café Gosto desde que seja forte Com água fervente Eu gosto mesmo é de Café-com-gente

Bullet Head

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"O Aleph", numa homenagem especial à Sétima Arte, para relembrar o poder e a magia do cinema, e a influência que o forte imaginário da telona sempre exerceu sobre nossa intenção de escrita, neste ano de 2018 estará se dedicando particularmente a comentar os filmes, bons ou ruins, que passaram pelas nossas parabólicas. A abordagem não se restringe a filmes novos, podendo se estender a qualquer coisa que surgiu na tela, e que por acaso, só tenha sido percebido por agora, seguindo sempre uma linha intuitiva e não cronológica ou "popular", no sentido de bilheterias blockbuster etc e tal. ---------------- A primeira referência de 2018 é o "Bullet Head", muito fraco por sinal, apenas pra lembrar com ironia gritante algo que acontece com uma certa frequência dentro do cinema americano. Sem papinho besta ideológico,  ressalvando-se algumas produções européias, algo do cinema argentino e também do cinema iraniano, ainda o melhor cinema do mundo, este que habita a

Flamboyant

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As cores na Terra floresceram primeiro no corpo de um Flamboyant depois que um deus fulgurante chamou a vida pra dançar

Sete minutos depois da meia noite

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OS MONSTROS Dorme dorme, doce criança enquanto a noite tece a teia de todas as vãs esperanças e nos sonhos incontidos que tua fértil imaginação alcança é que residem incontestes os sentidos do dia Aos que eles denominam monstros tu chamarás de amigos;  quando teus inimigos  fugirem  em pânico porque não entendem (simplesmente pelo prazer de serem homens), tu deitarás no colo dessas criaturas e elas velarão teu rico sono cantarão para ti velhas cantigas de ninar e com os dedos longos vão acariciar teus cabelos afastando os piores pesadelos e te darão novos motivos para viver Dorme dorme, doce criança e essa tua agressividade é apenas a reação em face de um mundo cruel que nunca te deu o devido acolhimento um purgatório povoado de maus espíritos tolhidos de sentir por um instante sequer a pusilanimidade de que são capazes em suas melhores intenções Para quando houver a dor haverá sempre o ombro amigo de quem nunca

Oferenda

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Súbitos os símbolos brotam da esquina uma humanidade retomando                                         rituais coletânea de tendências depositadas brutas ancestrais nascidos assim do chão caleidoscópio de poesias densas épocas costumes crenças penso em fotografar (um cético que adora o sagrado) até tiro do bolso o celular mas meu medo de roubar a metafísica do ato me dissipa como os primeiros índios do Xingu no contato com a câmera branca preocupados em que o viajante lhes roubasse a alma (e roubou) velas brancas, velas vermelhas umas inteiras outras quase inteiramente derretidas ardendo ainda nas primeiras horas da manhã moedas de vários tamanhos numa cesta com grandes rosas brancas bonitos arranjos alguns búzios e sementes alguns santinhos também (eu não saberia dizer quais) a cachaça, litro a meia o grande galo negro, pescoço cortado seu sangue coagulado sobre o chão e pedaços de vidro sobre fragmentos de cristal pedra o sol refletindo

Cabelos do vento

Era algo de não se falar sobre mas sim de sentir a presença contemplar, ir ter com os olhos acolher o silêncio eloquente no fundo do peito, deixar que a sensação boa mergulhasse e se multiplicasse em nervos em pele em uma espécie estranha de felicidade Que poderia dizer eu do alto de minha não-sabedoria do alto ainda tão raso de tudo que me falta abandonando todos os esteios das minhas vãs filosofias da minha parca ciência ou da vontade de mudar o mundo um mundo que sequer sabe da minha existência que poder me reconduziria ao topo do nada porque tão pequena e carente de sentido é a perspectiva da vida humana Um pôr-do-sol, um simples ocaso seguindo seu curso como qualquer dia e pouco antes da luz sumir detrás dos morros naqueles minutos mágicos que  antecedem a tomada do crepúsculo onde a luz é diferente de toda a luz do dia e o efeito de seu toque na superfície das coisas faz com que seu verdadeiro brilho apareça em sua plenitude é onde o verde

Versos que bailam

Tirar um pouco o pé do acelerador cotidiano e sentir o tempo voltar sentir o corpo respirar novamente perceber como somos roubados em energia, pulso e criação pelo grande pacto entre a ideologia e o sistema sob o eufemismo do trabalho Que a arte parida por nós parida de nós seja a negação de tudo o que oprime e com um verso corajoso e afirmativo um verso alegre que nao esconde nem aliena mas mesmo tenaz, é terno e chama pra dançar bailemos sobre essas tragédias todas

Pare e siga

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Vôo sem asas, braços abertos desço o morro na ventania duas rodas sem freio nas mãos, a brisa generosa do dia Paro na curva, fotografo apenas de memória a bela baía de Vitória atletas e remos  Álvares versus Saldanha o bonito quadro que surge quando contrariando a natureza (sempre egoísta), homens conseguem concordar em alguma coisa e seus esforços  remando na mesma direção são algo mais além de mera duração o esporte é a metáfora da beleza do algo além contra o puro desperdício de tempo e  força bruta do cotidiano Sigo leve, fotografo (e meus olhos são câmera, memória meus olhos são imaginação) A garota de patins na pista livre passa deixando seu rastro não é daquelas experts na arte como vejo tanto por aqui. é até meio desengonçada  pra dizer a verdade Em seus patins como um patinho que ensaia os primeiros passos um pouco longe da mãe a solidez em seus vintepoucos na  fluidez dos traços de um mesmo corpo a