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Mostrando postagens de julho, 2016

Existencialismo, psicodelia, critica social e ousadia estética: A História de uma obra-prima. Pink Floyd The Wall 35 anos

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Quando se fala de arte, independentemente do terreno de sua expressão, seja no mundo figurativo da escultura, da pintura, ou não figurativo da dança, da escrita ou música, é muito fácil se enrolar ao tentar definir conceitualmente aquilo que é bom ou ruim, o que é certo, errado ou onde estão, ou mesmo se devem existir os tais limites para a criação. Perde-se muito ao tentar racionalizar um discurso que pertence a outro gênero de conhecimento e experiência humanas, porque geralmente essa fala explicativa opera um reducionismo ao usar uma linguagem estranha para "dizer" e tornar palatável aquilo que foi criado dentro de um outro modo de experimentar o mundo. Na falta de critérios absolutos para definição, uma vez que a arte não se curva à mera análise cartesiana da racionalidade, ao mundo hermético dos conceitos que compõem a Filosofia ou mesmo ao quadro de funcionalidades e relações típicas do pensamento científico, o que acaba acontecendo é a imposição de verdades com
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Imagine uma escrita que é pura dinamite. Daí você joga colheradas do psicodelismo dos anos 70, muita pimenta de um pensamento livre e anárquico nos melhores moldes dos "livres pensadores" clássicos que não se rendiam a doutrinas pré-fabricadas. Acrescenta à mistura explosiva megadoses de disciplina oriental no esforço de um escritor para se dedicar aos seus escritos, mesmo quando a doença, a dor, o descaso e o conhecido "Custo Brasil' tentaram o tempo inteiro jogá-lo para baixo. Esse mesmo "Custo Brasil" que segue sempre dificultando a atividade dos escritores que vivem do seu trabalho, um país que, contrariando boa parte do mundo ocidental, a cada ano que passa, estatisticamente diminui proporcionalmente a massa de leitores, e com isso também, como um reflexo direto, a qualidade do trabalho jornalístico, que na grande mídia nunca esteve tão ruim. Escreve-se mal, e lê-se mal, porque bons leitores sempre foram também formados por bons jornais. Um cara d

Flamboyant

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Flamboyant aos pés do delírio, aos pés do de-longe.  Delonix Regia  que veio da África, imensa em sua beleza, imensa em seus mistérios. menina passa ao lado, menino passa do outro. cachorrinho pequeno Poodle urinando em suas raízes incontidas explícitas enquanto as frondosas árvores experimentam sem mágoas o calor da tarde, fermentando os musgos e absorvendo os líquens para o sol que arde sobre um tapete espalhado de flores caídas no cimento verde velho e tornando mais coloridas as manhãs... Que beleza , meu Deus! Que mundo seria o mundo se no mundo não existissem Flamboyants? senhora bem vestida passando para esperar o ônibus no ponto sombreado-ao-redor da mini-pracinha triangular com quatro Flamboyants antigos e enormes fazendo copa, todos vermelhos para bem dos passantes, para bem dos moradores e sorte da humanidade. quanto poder nessas flores, que lembram orquídeas mas são superiores, porque tão belas quanto elas, mas muito menos melindrosas e mais prolíficas. coisa linda i

O Domador de Ventos (OU: A definição do vôo enquanto coisa)

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Tarde vento de sol a pino. o elo a seda, a linha e um menino. entre o morro e o mundo a contemplar pipas, alinhar vidas em suas asas translúcidas num céu azul de pura ventania. Enquanto pequenos curumins inexperientes na arte do vôo quedam-se na beirada do campo para apreciação, os grandes pilotos se aprontam para seus duelos. Os menores, arriscando improvisados jerecos feitos de papel comum de página de caderno. levantados ao baixo do ar com muita corrida, poeira e pouca linha improvisada de costura: fina, imperfeita, linha rompedeira. Os maiores, galopando ansiosos o  esperado mês de Agosto, meninada correndo em alvoroço, torvelinho se aventando no antigo campo de aviação. Não sobe nem descia avião, mas é o aeroporto natural das pipas.... Agosto! Agosto!Tarde de agosto num pacto silencioso e não escrito pela confraria do ar: agosto não tem futebol a tarde inteira, espaço tomado por carretéis, agosto não tem mais estudos pra prova na manhã seguinte, não tem lanche da tarde e quase

Resenha

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O mais belo livro infantil desde "Alice", de Lewis Carrol Ainda sobre os talentos da terra, este é o "Pandareco", de Casé Lontra Marques . Livro vencedor na categoria infanto-juvenil (autores já publicados) do prêmio de literatura Edital Secult/Funcultura 2015. ... Autor reconhecido, Casé possui diversas obras de poesia já publicadas, e temporariamente abriu mão de sua furiosa prosa poética para registrar toda a delicadeza, o espanto e a fugacidade do universo infantil sempre em reconstrução, porque é dessa contínua reelaboração que vive Pandareco, como criança que nunca chega ao final dos inventos porque a vida de um criador nunca tem fim e cada brincadeira é sempre um novo universo em expansão. Publica-se como "infanto-juvenil", mas leia-se como pura arte, atemporal e contagiante como toda melhor estética, Arte que é atitude e pode servir como "cascudos" na cabeça de adultos que, ao crescer, se tornaram seres tristemente despandareq