O riso
Por dois marcantes estados de espírito, o homem frequentemente contempla os deuses, no tempo fugaz de sua singela existência: o trágico e o riso. O trágico, porque rompe com todos os artifícios, soterrando as futilidades, convenções e aparências características da vida social em todo o planeta, desde que esse tipo especial de primata saiu de suas cavernas coletivas para almejar o domínio da natureza, projeto mais ambicioso para si próprio. Eliminando a dormência inata do ser, a dor e a prostração inerentes à percepção da tragédia ainda capacitam o olhar e os sentidos hipersensibilizados a experimentarem o sofrimento em sua forma mais pura, trazendo consigo a possibilidade da visão fulgurante, a capacidade do ser absorver o impacto diretamente em seu peito, sem qualquer tipo de anestesia... Toda a força da vida, em sua forma mais bruta. Naturalmente, isso não é algo desejado, nem do ponto de vista do indivíduo nem muito menos do grupo. A manifestação do trágico é quase semp