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Amor Fati

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"Escrever é lançar garrafas ao mar..." (Cortázar) Esses temas importantes que volta e meia "batem", e nos últimos tempos surgiram bastante em razão do "Mundo livros'. Reflexos de conversas de e-mails com um jovem amigo aspirante a escritor. Pensei em pontuar 3 coisas (que na verdade são quatro)coisas a respeito, que talvez ajudem mais alguém (ou não): 1) Escrever não é hobby nem "coisa de meio expediente", e apesar das correntes dificuldades e situações que a vida diariamente nos impõe a todos, ao lidar com as duas maiores e mais exíguas riquezas, tempo e recursos materiais ( e talvez tenhamos isso em comum com diversos outros tipos de artistas num país que tem sérias dificuldades em fomentar a cultura) escritor mesmo é aquele se dedica de corpo e alma à sua atividade, não importa o que você faça no resto do tempo pra "ganhar a vida" e patrocinar sua estante. Portanto, escritor é profissão sim, e merece respeito, autonomia e

Aurora

_Às armas, soldado! _Às armas, soldado! _Às armas, soldado! A passos trôpegos pela praia, alguma força exterior  jogando-o contra o vento, enquanto a água do mar massageava seus pés sobre a areia grossa Espumas vagueantes e o rumo incerto daquelas passadas remetiam-no , sonâmbulo, ao breve instante que levara sua existência até ali. _Às armas, soldado! Essa voz ouvida de dentro, martelando incessantemente em seus sentidos o lema que parecia mantê-lo inteiro ainda, momentos antes de despedaçá-lo por completo em possibilidades nas pedras batidas durante séculos pelas ondas salgadas desse mar revolto E o que era a vida , então , até ali? Realização, disciplina, contemplação ou fuga? Luta, segundo Nietzsche, essa sim uma verdadeira definição.... Difícil fugir dela. Mas para ele, que não se sentia tão forte, difícil conceituar, difícil pensar em algo sólido enquanto sua própria essência se liquefazia, misturando-se às ondas salgadas e à areia, no movimento contínuo que ma

O caminho de todas as coisas

O CAMINHO DE TODAS AS COISAS Olhar ainda não é ver Escutar ainda não é ouvir Abraçar ainda não é ter ... Concordar ainda não é sorrir Perdoar ainda não é sentir Aspirar ainda não é querer Engravidar ainda não é parir Esperar ainda não é sofrer Andar ainda não é dançar Nutrir ainda não é comer Falar ainda não é cantar Despedaçar-se ainda náo é morrer Correr ainda não é voar Embriagar-se ainda não é beber Acudir ainda não é amparar Achar-se é não saber se perder O que falta ao homem lembrar-se de que sempre é a medida de todas as coisas o que falta ao homem é lembrar-se que sempre foi a medida de todas as coisas O céu ainda não é Terra Garras ainda não são mãos Estrelas ainda não são gente O espaço ainda é só solidão O universo ainda não são seus olhos Seu corpo mais que simples reparação A centelha que ilumina uma vida Transcende qualquer razão (texto reeditado em 26-05-16)

Elvis

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Naquela época todos gostavam de futebol, pipas, carrinhos de rolimã e bolinha de gude, além dos primeiros arremedos de "video-games" , se é que podíamos assim chamar àquelas toscas criaturas e seus barulhinhos bizarros plugados numa TV. Eu gostava de tudo isso, é claro, mas amar eu só amava mesmo Elvis Presley e queria ser igual a ele quando crescer. Cantar e encantar o mundo inteiro com aquela incomparável voz simultaneamente capaz de enternecer uma velhinha nos seus noventa anos ou uma criança de colo, e ao mesmo tempo com aquela atitude rebelde-heróica hollywoodyana dos filmes de sessão da tarde capaz de enlouquecer todas as mulheres.  Aos oito eu já adorava as melodias dos Beatles, curtia o papo astral do Raul, estranhava Mick Jagger (logo os "Stones", a quem eu também iria idolatrar por décadas posteriores) e ouvia meio sem permissão do vizinho uns acordes de Panis et circenses, daquela turma genial e memorável de Sampa. Mas Elvis era diferente. Era uma

Itinerário

Praça Pássaros Idosos Jogos Dama Carteados Estudantes Mochilas A flor O germe Leveza Da idade Nas pintas Espinhas No rosto O gosto Da vida No vento De agosto Lanchonete Ilha de Pesca Rua sem saída Rodolfo Bar Paredes coloridas Help Mudanças Grafite Open Profetas Esquina Espuma Gasolina Um e noventa e nove Sorvetes de creme Tuttipani Edificio Barcelona Muros "Vivi pouco Sofri muito" Campus Ponte Mangue Asas Xadrez Cores Quadrados Dores Salgados Varais Insubordinados Irrequietos Irrefreados Ao vento Quadra Gritos Studio Tattoo Ponto Feira Banco Coca-Cola Salão Dánúbia Óticas Paris Buzinas Freios Semáforos Sirenes Banca Revistas Farmácia Prédios Pão de queijo Lama Grafite Vestido Flores Pernas Amores Bolsa de couro Óculos Espelhados Cabelos Ao vento Destinos Espalhados Hotel Borracharia Clínica Médica Templos Ruínas Posto Mercado Ciclistas Cartazes Filas Grades Fardas Par

"O Canibalismo Amoroso" (Affonso Romano de Sant'Anna)

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Salve a literatura brasileira! Se no campo tecnológico vivemos tantas vezes à espreita e na eterna dependência do que ocorre lá fora, no tal "primeiro mundo", e da mesma forma no campo econômico, por ausência de um bloco político convergente e progressista em torno de grandes projetos nacionais hegemônicos nunca conseguimos assumir de vez as rédeas de nosso próprio processo de desenvolvimento enquanto nação, felizmente isso não se aplica jamais à esfera das artes. Isso porque, embora existam inegáveis traços históricos e sociais, situando o homem no mundo, a arte nunca é escrava do seu contexto e toda criação quer transbordar. Apenas para citar algumas, nossa música, nosso cinema e nossa literatura são únicos, em qualidade , originalidade e amplitude temática, e tão ricos quanto as melhores referências culturais que possam ser mencionadas em todo o planeta. Mas como nem tudo são flores, segue sempre a literatura, essa eterna desconhecida, deixando de revelar aos

: "BIRDMAN" : A Arte, entre a Náusea e o Absurdo

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(Ensaio sobre cinema, filosofia e vida, de um ponto de vista Antropológico) “ (...)Eu conseguia ouvir meu coração batendo. Eu conseguia ouvir o coração de todo mundo. Eu conseguia ouvir o ruído humano que nós, sentados lá, fazíamos, nenhum de nós se movendo, nem mesmo quando a cozinha ficou escura”. (Carver, Raymond. “Do que falamos quando estamos falando de amor”, (Iniciantes, 1981) ---------------------------------------------------------------- INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------- REPRESENTAÇÃO E SUBJETIVIDADE IMAGEM E CONSCIÊNCIA LIBERDADE ABSOLUTA E EXISTÊNCIA “ A NÁUSEA”  E A ANGÚSTIA QUE TAMBÉM É FUNDAMENTO ONTOLÓGICO. DEUS CONTINUA MORTO e o REI ESTÁ NU O ENGAJAMENTO COMO ATITUDE DESVELADORA DA REALIDADE HUMANA ARTE RUPESTRE ,  TEATRO GREGO e CINEMA  ANTROPOFAGIA E PEDRA-DE-TOQUE: O CINEMA COMO  “ARTE QUE SE ALIMENTA DAS ARTES”, E COMO ELEMENTO PRIVILEGIADO PARA O DESVELAMENTO DO MUNDO “ BIRDMAN”, (A INES