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Laranja Mecânica

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Planejemos o futuro, jovens! seremos habitados por seres melhores, mais nobres e muito mais adaptados para os novos desafios Tomem aqui estas pílulas durmam cedo escovem bem os dentes e façam suas orações Logo teremos um país quem sabe um planeta mais seguro, bonito e mais agradável Pois estarão expurgadas a violência a desobediência a criatividade o pensamento próprio E tudo o mais que se mostrar perigoso e subversivo Tomem cá estas pílulas, jovens!

Registro Avctoris

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Declaração de autoria: Todos os textos deste blog estão registrados pelo Avctoris, copyright, conforme legislação 

Tristes Trópicos

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Bonita matéria do "El País", dando conta do fim do programa mais inteligente da televisão, e ,mais que isso, da literal perseguição ao senso crítico, aos artistas, às atitudes que , corajosamente, não se adaptam nem se submetem aos baixos valores sociais, civilizatórios, humanos , agora em voga depois da trágica mudança política . Um poder que já se estabelece, seja enquanto proposta institucional ou por apoio difuso das redes mafiosas virtuais ou reais de um aparato de descerebrados inaugurando em definitivo uma  nova era de "Caça às bruxas" e retorno à idade média, tenebrosas atitudes previsíveis para um governo medíocre, temerário e matador de todas as esperanças de um mundo melhor e mais justo. A morte da inteligência https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/09/cultura/1549679344_120120.html

Crítica "Manga Verde" (Anaximandro Amorim)

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Uma das críticas mais bem elaboradas até hoje, sobre o nosso livro "Manga Verde", feita recentemente pelo Escritor e poeta Anaximandro Amorim, da Academia Espírito-Santense de Letras. --------- UMA POÉTICA DA VIDA, DA MORTE E DA MEMÓRIA Anaximandro Amorim Deliciosamente "desafiado" pelo grupo do "Amigo Livro" (composto por jovens leitores e autores, ávidos por conhecer o que se produz no ES), para participar de uma “maratona literária” de leitura de autores do Estado, tive o duplo prazer de ler o livro "Manga Verde", do meu amigo Claus Zimerer: uma, porque a obra constava da lista de autores a conhecer; duas, porque a obra constava da minha lista particular. Pudor algum em puxá-la para frente das demais: fazer parte de tal maratona apenas adiantaria o prazer de ler um livro que já estava nos meus planos. Ler Zimerer me remeteu a um único porém: o de não tê-lo feito antes. "Manga Verde" é o livro de estreia de um autor

Anti-racismo em Hollywood continua em alta na era Trump (ainda bem!)

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Duas verdadeiras obras-primas nesta edição do Oscar "Green Book " e "Infiltrado na Klan", e uma mudança importante no eixo das narrativas, saindo um pouco do realismo recente ("12 years a slave", "Django Livre", "Moonlight") ,para uma proposta que, sem deixar de detonar com o preconceito, usa bastante o viés cômico para evidenciar o hediondo de todo racismo. Efeito da era Trump , onde a linguagem afirmativa de direitos civis e/ou sociais, democráticos, raciais ou os gritos de protesto já não conseguem ocupar com a mesma eficiência os espaços da mídia e das mentes? Na edição passada, o ótimo "Get Out", comédia trash que também tratava do tema com muita inteligência, antecipava tendências. Não foi à toa que levou o Oscar de roteiro, muito merecido. A linguagem resvala para o terror, mas no fundo há uma forte camada de um certo tipo de humor caracterizando a "irmandade" branca tresloucada em busca d

Mary Shelley

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Belo filme, lembrando a fase extremamente rica do Romantismo inglês, talvez a maior escola influenciadora de poetas desde a Revolução Francesa. É claro que o filme centra na figura de Mary, então é natural que Percy, o poeta, apesar do talento fulminante, apareça mais em segundo plano, mas ficou exagerada a caricatura de Byron, mostrado no filme muito mais pelas excentricidades e pelas famosas noitadas do que pela importância poética dentro do movimento. Não é exagerado dizer que sem ele, seria impossível pensar o romantismo de forma tão rica. Justa homenagem, contudo, a essa autora genial, que escreveu numa época difícil para as mulheres, e celebração de uma das melhores obras da literatura, o "Frankenstein" Boa direção e  trabalho de atores, superando o destino de chatice que costuma infestar cinebiografias.

(Tao VII) Poiesis e Haikai

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A toda arte seus méritos suas conquistas suas arestas O reconhecimento pela amplitude da experiência humana em tudo aquilo que vivencia À vida um brinde por ter se transmutado em linguagem quando sua mais intensa imagem se tornou poesia

'Tarja Branca" (documentário)

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Aprendendo com a "seriedade da brincadeira" e a valorização da sabedoria instintiva das crianças. A extrema necessidade do brincar para romper com uma civilização doentia que reproduz continuamente robôs e formas mecânicas de pensamento e submissão

"O último poema", (documentário)

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Gigante, Drummond, até nas pequenezas Toda ternura, todo o coração e a leveza Mesmo sendo ele próprio, em sua melancolia É quando o poeta se transforma em  poesia

"No caminho das setas" (Documentário)

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De um lado, a  voz do autor. O pensador, o militante, o garoto da periferia que traz seu cavalo de batalha pra rua, e junto com ele, milhões de almas perdidas num país de terceiro mundo. A trajetória bem narrada, o sucesso, o acidente, a revolta, a continuidade de uma atitude de vida proativa mesmo com o mundo ruindo ao redor, a força descomunal pra tentar superar as limitações cotidianas. A recusa da rotulação de herói. De outro lado, a forma descolada de se conduzir um documentário sobre vida e obra de um cara denso e combativo como esse, a tragédia particular que é universal em termos de pais por sua banalidade, contundência e repetição. A fluência em  fazer isso de uma forma leve, instigante, numa palavra: poética, em tudo que a poesia tem de arte trágica em sua beleza fugaz. Um dos documentários mais emocionantes que já vi. Cara, você vai fazer falta demais, Yuka ! ---------- "O que sobrou do céu" --------- Faltou luz mas era dia O sol invadiu a sala Fez

Indian Thing

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A magical body moves The sea along the shore Desires along the day The night once even more A soft touch Along the darkness A glimpse of blue Thirsty forest that hugs the rain When you cry out In  silence Your long hair Like ropes for living creatures Embracing your breathe Your arms like a home Wildflowers upon Your face Coloured creatures That lives on your hands Free All the trees The holy spirit of earth Then all the nature comes Happy , in the end To eat and  drink Over your rich, kind And soft soul

(Tao VI) Chá

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Não está no ritual em si Não está nas roupas Nem nos dons da bebida Particularmente A apropriação do princípio Feita pelo ocidente Governa-se pelo lucro, apenas O que há de mais valioso Na cerimônia do chá É o condão de fazer O tempo parar A recusa decidida em aceitar (Ao menos por alguns instantes) O ritmo externo massacrante Uma pauta em valores mecânicos Como se a vida fosse apenas Estatística O chá É tentativa contínua Resiliência Busca de uma harmonia Quase impossível Em um mundo que Se propulsiona alheio A qualquer lógica vivificante Que não se venda por trocados A simplicidade contra o excesso O orgânico contra o industrial A melodia além da percussão A tradição contra o descarte A arte além do racional Atonalidade contra o diapasão Recuperar A conversa contra o concreto A respiração contra a corrente O paladar contra a indigestão A pulsão de vida que inabita Cotidianos Mostrar os possíveis humanos Todos os espelhos à superfície

Red Papoula

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Beauty  Turn on the World  In red and green Lost souls Running around a red skin The essence of life Waiting for a pinprick Silence blows over the night The book of secrets Rests glad on your pale hands Still remains there, the signs In the light of her eyes That mesmerizes everything Floating on liquid green Bright flight under a starless sky Red Papoula I would drink of you white blood All the night long And it wouldn't ever  Makes me feel numb

(Tao V) A criação

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O desejo é poderoso Mas não é a única  E nem mesmo a maior força estética Por si só Talvez a mais conflituosa  Negá-lo é mãe e pai  de tamanhas infelicidades e tragédias Aceitar, absorver, fruir o desejo como via natural Não represar nem condicionar A qualquer coisa que lhe seja exterior Não sucumbir ao desespero moral Sentir, apenas,  como o que é perecível Porque toda força resguarda  uma fragilidade Emanar o  sensual como linguagem e tinta e pincel sobre as brancas telas do mundo: Existe aí um mecanismo de criação Primitivo, ingênuo, animal Mas o que dá o tom do humano É o paradoxal Quando a força mais criativa surge internalizada pelo conflito E a Sublimação torna-se a raiz de toda arte Porque o ordinário da vida humana É a imensa frustração contínua  dos desejos Dessa fome insaciável  surgem a pintura,  a música,  o verso Ou na escolha pela inação, surge o Zen A arte que merece o nome  Está sempre possuída pelo mundo

(Tao IV) Physis

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O silêncio A contemplação: Absorver e reverberar  em outros campos mais profundos de terra fértil a incomensurável força do ao-redor Na alegria, a vibração Na dor, a resiliência Ambas potentes forças de criação O mundo pode nada  contra mim

(Tao III ) Respiração

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O fluxo do vento que invade as narinas e inebria atravessa os poros sem permissão sossegando ou atiçando Ritmo, pulso, movimento não dependem do que está fora mas do que se arvora por dentro

(Tao ) II O Equilíbrio

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No ocidente , a potência No oriente, o equilíbrio A verdadeira força  não está no desgaste na exaustão no estertor nem na explosão É a contenção que faz a luz brilhar  Fagulha entre dois polos: o veio da inércia e o espojar

(Tao) I - O dia

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24 horas  24 lutas 24 vitórias sobre si mesmo Lucidez Serenidade Força As únicas batalhas que importam

Bambu

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Havia sempre um Japão ancestral dentro de cada um de nós quando, olhos acesos, mal acordávamos pelas manhãs já saíamos em disparada -- inauguradas as férias de julho-- um sol nascendo em cada coração e o desejo de tomar o mundo pelos olhos pelos ouvidos, pelos gritos nos habitava do nascer ao poente Caçar bambu, embaúba roxa e estilingueira Pra não perder a viagem bicicletas por alazões embrenhávamos nas matas atrás das únicas razões que ainda nos manteriam vivos e donos dos nossos destinos: Um objetivo que não necessariamente se consolidava ao final, no seu palpar (tantas vezes frustrado), mas cuja intensidade estava na vivência do andamento : o dia multiplicado em muito mais que as meras vintequatro horas Aquelas árvores elegantes, misteriosas silenciosas em sua convicção, bosques perfeitos de cores amarelo-pátria, em cepos gigantescos de colmos largos, os verdes delgados em profusão ou contundentes fininhas e taquaras perfeitas para a pesca de lambari