Sete minutos depois da meia noite
OS MONSTROS Dorme dorme, doce criança enquanto a noite tece a teia de todas as vãs esperanças e nos sonhos incontidos que tua fértil imaginação alcança é que residem incontestes os sentidos do dia Aos que eles denominam monstros tu chamarás de amigos; quando teus inimigos fugirem em pânico porque não entendem (simplesmente pelo prazer de serem homens), tu deitarás no colo dessas criaturas e elas velarão teu rico sono cantarão para ti velhas cantigas de ninar e com os dedos longos vão acariciar teus cabelos afastando os piores pesadelos e te darão novos motivos para viver Dorme dorme, doce criança e essa tua agressividade é apenas a reação em face de um mundo cruel que nunca te deu o devido acolhimento um purgatório povoado de maus espíritos tolhidos de sentir por um instante sequer a pusilanimidade de que são capazes em suas melhores intenções Para quando houver a dor haverá sempre o ombro amigo de quem nunca