De amores e delírios
De amores somos feitos Nem rocha nem água nem desespero No tempero, talvez um grão de delírio Nem o chão pedregoso O caminho pisado Nem destinos sofridos nos tiraram o riso Não tiraram o sarcasmo como sintoma de saúde Não perenizaram mágoas no sangue por mais de sessenta segundos Nem os pés machucados experimentados no decorrer de uma vida desafiando a corda bamba Nada pôde mudar isso Duvidamos quanto ao mundo saber acolher o amor Jamais da nossa capacidade de amar Continuaremos contra tudo e todos exibindo na praça a casca grossa a cara lambida os olhos tortos de estranhos desejos Uma espécie amistosa de solidão que é companhia e musa (mesmo quando arranha) Um querer bem a todo sentimento que transborda Sozinhos ou acompanhados Reprovados no campo de teste cotidiano no velho quesito incapacidade de viver sem amor Não somos oniscientes Não somos mercenários Somos guerreiros aguerridos (mas do tipo quase imprestável no campo de batalha