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O Domador de Ventos (Ensaio do vôo enquanto coisa)

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                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      Tarde vento, sol a pino                                                                                       o elo: a seda , a cola                                                             e um menino entre o morro e o mundo a empinar pipas alinhar vidas e sustentar o vôo em asas translúcidas de céu seco em azul de pura ventania.                         Pilotos veteranos se aprontando para os  duelos. Curumins na arte de planar quedam-se na beirada do campo para apreciação. Enquanto a vida ainda não vale, os menores arriscam jerecos de papel comum de página de caderno ou  de pão. Levantados ao baixo do ar com muita correria e empolgação,  po

Contos

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Uma das melhores leituras desse confinamento A oralidade dos morros cariocas intercalada com a língua culta Como se essa dicotomia,  esse duplo nos constituísse, indivíduos e sociedade, nós e nossos pedaços Uma porrada do mundo no estômago e uma elaboração estética existencial, filosófica ou brejeira Se assim quiserem denominar Sem hierarquias ou verdade absoluta Retratos da condição humana Universais, na necessidade de responder em táticas de sobrevivência ao caos Existe uma guerra, há trincheiras, vitórias e derrotas cotidianas Multifacetados e tropicais, nas fórmulas que cada personagem encontra para chegar, inteiro ou partido, ao fim do dia. Delirios, amor, poesia. Há uma vida que pulsa e jamais se entrega Tudo isso acontecendo tão perto e tão longe de nós aqui embaixo,  nós que, mesmo sem saber, temos participação ativa nisso tudo, nós  que somos "do asfalto", como na fala do protagonista em "Rolezim" na abertura do livr

Poesia marginal

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Uma pulada pra fora do cânone. Ainda que menos conhecido que seus pares famosos da mesma geração, Leminski, Ana Cristina César ,Torquato e Wally, não é menor a poesia de Chacal. Ou, para usar um conceito que serviria bem ao conjunto da obra, talvez o termo "menor" não seja , em definitivo, nenhuma espécie de depreciação do poema em vista da intenção, quando o que se tem em mente e corpo é tocar o mundo pelas beiradas. Seja como for, com certeza Chacal é o mais "Woodstock" da turma e talvez o mais  abusado quanto ao questionamento da forma e à opção consciente pela supressão das camisas de força do poema em favor de uma maior aproximação, segundo a pegada em comum com a  "geração mimeóagrafo" , do conteúdo cotidiano do mundo --  entendendo-se aqui, em primeiro plano, é claro, no caso de Chacal, a caldeira do mundo como o universo infinito-enquanto-dura das noitadas cariocas -- da qual ele é exímio conhecedor.

Poesia Asteca neoconcretista

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Menino do mato, menino do morro

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Nascido e criado no mato entre pedras e quedas d'água depois de tanto tempo ainda reflete na alma a falta que tudo aquilo faz não adianta a gente não se acostuma mais se um dia esteve lá mergulhando no rio, lavando riso entre as pedras verdes e frias empurra com a barriga, depois e vai habitando entre os concretos imprensa daqui, se amarga de lá tentando achar que tá tudo bem e que tudo é assim mesmo mas não é. a gente finge e enquanto segue inadaptado vai se apegando a qualquer raminho verde que salta aos olhos entre as calçadas disputando o sôfrego sol com os tons de cinza a gente finge que se esqueceu ou que não liga mas mesmo sem querer vai correndo para os espaços abertos disponíveis, alguns com talento cultivam a mata atlântica em casa tudo isso pra tentar manter-se vivo e pertencendo depois de tentarem umas três vezes desta feita os homens cortaram a mangueira no terreno atrás do meu quintal não sem aquele estardalhaço típico de quem con

direitos autorais

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 Todos os textos deste blog são autorais e registrados pelo  AVCTORIS INTERNATIONAL Informação básica, para conhecimento geral: este blog é autoral e encontra-se protegido. Os textos discriminados com "publicado em", trazem a referência dos títulos dos livros digitais registrados em que foram publicados pelo sistema de registro internacional "AVCTORIS", conforme link abaixo, com comprovação de antecedência e originalidade para cópias gravadas em arquivos de dados independentes criptografados em QR-CODE. Os demais textos, sem referência específica, são publicações aleatórias feitas diretamente no próprio blog, e podem ser divulgados, desde que  observando-se a atribuição de direitos "Creative Commons" e sem finalidade lucrativa,  citada a fonte: " Atribuição-Uso não-Comercial-Compartilhamento : Você pode copiar,distribuir, reproduzir e criar obras derivadas, contanto que você dê crédito ao autor original, não use essa obra para fins comer

O mundo se despedaça (TAG)

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Chinua Achebe, nigeriano, lembrando ao ocidente que a África não  é um país. A coisa é muito mais rica e ao mesmo tempo muito mais complexa que isso. Para quem conhece, lembra  as narrativas de Mia Couto quanto ao universo descritivo e imaginativo, embora o texto dos autores seja completamente diverso na forma da escrita. Mia couto tem uma forte pegada de prosa póetica, e Achebe uma preferência orgânica pela prosa seca , descritiva, e pela lembrança da tradição proverbial dos costumes, uma ligação mais forte à "coisa tribal" de seu país. Independentemente disso, nota-se, fortemente, a influência de Achebe no próprio Mia, no conjunto da obra. A bela edição da TAG , -- nessa oportuna tradição resgatada de clube do livro, que virou referência em curadoria, qualidade  e acabamento.

A doença e a cura

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De que valeu entregar as chaves da casa aos próprios lobos que, com seus desígnios rotos trucidaram todas as formas de vida sem pedir perdão ? De que valeu a boa ou a má-fé dessas nossas eternas crianças apostando no poder do mais forte em administrar a morte e imaginar isso como uma ação em comum benefício? De que  valeu pensar a liberdade como sonho isolado de anárquica felicidade se o pressuposto básico de ser feliz é  saber fazer feliz mais alguém? De que valeu tentar ser zen e continuar mistificando a realidade ou se ajoelhar e pedir a bênça se a realização desse mundo do além impõe tantas perdas ao daqui que se tem? De que valeu depositar tamanha fé nas mãos dos senhores dos números que, na verdade, nada produzem apenas conduzem com suas altas taxas a proliferação das pequenas ruínas? De que valeu ainda elaborar com todo cuidado profissão, realização e missão os mesmos conhecidos engodos que na verdade nunca bastarão? Passada a tormenta (

Os piratas saem ao mar

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A miséria reverenciando "os donos do mundo" Tio Sam botando em prática a "boa" e velha pirataria

O tempo e o verbo

Alimento Alimentas Alimenta Alimentamos Alimentais Alimentam

O vírus que sacode a vida

Há muito o que dizer Há muito o que pensar Há muito o que pintar Há muito o que cantar e dançar Esculpir, desconstruir e construir de novo e sempre                       Incansáveis, quando este novo tempo se restitui Um tempo precioso, roubado à máquina Há muito o que contar, ensaiar, descrever Parece difícil -- agora -- acreditar mas as pessoas,  lá na frente, vão querer , vão precisar saber o que é que só você  viu só você sentiu Como a vida ou a falta dela o medo, o sufoco, a clausura a ruptura dos padrões impostos Como é que a nova bolha te impactou? Em que lugar do corpo você sentiu o golpe? Aonde te fizeram sangrar? Ou na verdade a bolha de antes era pior? Ou se esse tudo sentir,  tudo ver é também algo compartilhado algo que transcende o subjetivo algo que repudia o isolamento e busca outras formas de se coligar Uma sintonia maior com o que há E o sentir junto sendo essa-uma nova forma resgatada de existir? Toda história merece ser con

Os olhos de Lorenzo

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Hoje é seu aniversário e há exatos 22 eu abria a porta do carro saltando pra fumar angustiado no quintal meu último cigarro Os olhos -- saudosos por antecipação sobre as nuvens suspensas no escuro -- Círculos de fumaça evanescendo e absorvendo o céu (coisa de gente besta) Mas a cena era meio triste Largar o cigarro,  abandonar o único amigo que me socorreu nas horas de maior solidão A bronca da mãe --com toda  razão -- ainda no meu ouvido A voz daquela menina (casa com criança não combina com fumaça, nem exala nicotina) A exasperação nem era por isso [Fosse o mal da vida o ter que largar um vício] Era mais pela ciência do novo vínculo O peso intrínseco do compromisso A execução sumária de um certo tipo de liberdade Paternidade: a potência desse soco Esquecer todo o aprendido e fazer disso a missão de se tornar capaz Brincando de reinventar existências A madrugada seguia neblinando sobre a cabeça preocupada do sereno preocupada do trabalho preocup

"Os verdadeiros heróis são os guerreiros da lida " ( O Rappa)

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https://revistaforum.com.br/noticias/medico-que-deixou-aposentadoria-para-ajudar-no-combate-a-pandemia-morre-com-coronavirus-no-reino-unido/ Morrer, todo mundo vai uma hora dessas A forma como isso acontece  é que pode fazer a diferença 

"A beleza salvará o mundo"

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3 ensaios fantásticos  sobre a obra de 3 grandes autores 3 anos da morte de um grande  pensador do mundo literário  Eu nunca havia ligado para  a crítica, até ver , pela primeira  vez nas mãos de um crítico literário, o que é possível dizer quando um olhar não se deixa  levar por vaidades intelectuais e a maldição de uma razão fria "A beleza salvará o mundo"

Uma nação não existe sem investimento em ciência e pesquisa

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O cientista que perdeu a bolsa de pesquisa enquanto estudava o novo coronavírus  (BBC BRASIL)

Aproveitar a crise para reverter a miséria

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https://www.jb.com.br/economia/2020/04/1023099-fiscais-da-receita-federal-propoem--tributar-os-ricos-para-enfrentar-a-crise.html Fiscais da Receita Federal propõem 'tributar os ricos para enfrentar a crise' Fundo Nacional de Emergência de R$ 100 bilhões para estados e municípios Jornal do Brasil REDAÇÃO JB, redacao@jb.com.br +A -A Imprimir A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), os Auditores Fiscais pela Democracia (AFD), Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP) e Instituto Justiça Fiscal (IJF) assinam um manifesto em que propõe mudanças na tributação nacional para enfrentar os efeitos econômicos e sociais da pandemia da Covid-19. O documento, intitulado “Tributar os ricos para enfrentar a crise”, apresenta quatro princípios básicos: a) o aumento da progressividade da tributação brasileira; b) medidas para aumentar a eficácia da arrecadação; c) medidas não tributárias; d) composição do Fundo Nacional

Poeta é o que (r)existe

A poesia jamais se cala Nasceu sem ser convidada Do lugar de onde veio a fala De um espaço que -- tornado tempo -- gerou música Celebrada, incensada Proibida, cuspida Ritualizada e marcada no barro Falou com os deuses Habitou oráculos Conjugou as preces Conduziu multidões Esculpida em vida sobre a pedra Testemunhou o auge e a ruína dos reinos do Nilo As incomensuráveis riquezas persas ainda hoje tão corpóreas (o poeta e sua memória) Testemunhou a guerra das guerras Onde deuses e homens disputavam a narrativa de um mundo maior Viveu a decadência de Atenas Foi expulsa da República por Platão [mas não sem antes ele ter se embriagado de Homero Píndaro e Hesíodo Platão que sabia, como ninguém da vocação do verso, do seu poder Sua capacidade de subverter o óbvio, e não se submeter: o destino de  criar o novo E isso sendo a materialização do medo para os que dominam a velha ordem] Vivenciou guerras, massacres O êxtase coletivo dos vencedores A d

Flow Jânio Silva (Jhon Conceito)

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O desafio de um outro olhar quando a estagnação das vistas mortas ameaça tomar conta de tudo A poesia é o que não cede, no fundo

Monte Castelo

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pra lembrar da beleza que há na vida e de como é tudo tão precioso