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Magrela

A dupla paramentada descendo o morro  Parecendo um ET com essas cores e formas A brisa rala a essa hora 5 da matina lá vem o sol Corpo da cidade corpo de carne corpo de metal Normalmente não iria, ora estamos no Brasil  e desafiar o óbvio a essa hora é pedir  pra ser assaltado. Lembrando que a última bike  me foi surrupiada mesmo acorrentada  a sete chaves na garagem do prédio. Com  direito a live gravada do pirralho com sua serrinha no record de 10 minutos Mas hoje não. Vai dar tudo certo Nem frio nem quente. Agradável Recém-melhorada bike por um upgrade  que a colocou na estética do Triathlon  abandonado há tantos anos, em que  eu nunca soube dizer o porquê  (Dias felizes aqueles da piscina olímpica  da Ufes, e a pedalada seguida em Camburi) Aquele pique exagerado ficou pra trás, com os vintepoucos anos  Mas o passeio agora é melhor. Sem correria Na época, a preocupação com marcas, tempo  de relógio, encurtando ao mínimo o espaço  da saída à chegada. Hoje, o objetivo contrário, e o f

O Mar

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  O mar armou com o amor de me ensinar a amar Assim, do seu salgado jeito de mar Uma hora me afoga Outra me traz à tona pra respirar Mas um dia ainda aprendo como quando menino no meio de todos aqueles caldos também  aprendi a nadar

Resenhas

O Aleph Retomando (ou tentando)  o projeto : "um livro por semana"  Para resenhar aqui no Blog  Às vezes vem resenha  Às vezes vira ensaio quando  a empolgação aumenta, como  é o caso da última resenha,  do escritor Palahniuk, em andamento. Multifacetado demais para caber  apenas numa resenha

Bigô

Ainda moleque, levado pelo irmão, pegava logo o tempo do forró . marcava triângulo, marcava zabumba. o apelido foi por conta de uma sombra de bigode no rosto desde muito moço. Bigodim, que depois ficou só Bigô, que era como todos o chamavam a partir daí.  Antes de me mudar de lá, eu o vi se tornar a referência de baterista revelação juvenil . ainda pequeno atrás dos tambores, era sempre chamado pra incorporar os novos grupos que iam se formando nas garagens da periferia. Aquele bumbo gigante e uma infinidade  de pratos, ele pequitinho escondido lá atrás. tocava no baile, tocava na barraca de lona improvisada da festa da cidade . Bigô tava sempre lá, o bumbo forte, com muita presença. também era ágil e original na escolha das notas por  mãos leves e precisas. um jeito latino de tocar. nunca perdia o compasso, mesmo no improviso. Do Rock ao Pop, voltava ao forró fácil, depois migrava pra balada, não se cansava. músico da noite, mesmo ainda tão cedo, tem que aprender a tocar um pouco de t

Minha instante neste estante

Nietzsche, por Roberto Machado Proust, por Nabokov Proust falando sobre o tempo Os Poetas profetas, por Octavio Paz Camus falando sobre a revolta necessária  Sartre falando sobre Camus Sartre falando de qualquer coisa Cortázar falando sobre bicicletas Cortázar falando de qualquer coisa Bento Prado sobre bois, marcianos e sereias Haroldo de Campos sobre Pagu Nietzsche sobre Hölderlin Nietzsche falando sobre a vida Huxley sobre os estados psicológicos e o inexplorado que reside no humano Manoel de Barros sobre passarinho Cacaso sobre as formas de amar Borges sobre a imortalidade Barthes sobre a luz e seus efeitos Baudelaire sobre Edgar Allan Poe Baudelaire falando sobre qualquer assunto Rilke sobre Rodin Bandeira sobre a vida Thomas Mann sobre a música Jens Peter Jakobsen sobe melancolia Thomas Bernard sobre niilismo Henry Miller sobre o corpo, teatro, pinturas sexo, boxe, trabalho, ciências, comida e  sobre Anäís Ninn. Miller tagarelando sobre o que lhe der na telha Sophia Breyner sobre

Seis lambaris

 Menino indo         rindo              o rio ali- lindo  Fluindo Rio que ri pescar a tarde que arde sob a sombra quente Fugindo da aula Mochila vira bornal  Minhoca tirada no barranco Anzol e linha malocados na estrada As escamas prateadas    de seis lambaris

Despedida de um mestre

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https://revistacult.uol.com.br - Roberto Machado   Estávamos todos lá, em final dos anos 90, na primeira vez que o vi pessoalmente,  Ele vinha a Vitória palestrar e promover seu último livro, "Deleuze e a Filosofia".  Duas horas antes da palestra no auditório já lotado de tudo que é turma de humanas e sociais, da Filosofia à Sociologia, Direito, História, fizemos uma reunião -- era convidado do Departamento de Filosofia e portanto tínhamos a prerrogativa --  eu e mais uma turma de estudantes do último ano de Filosofia da UFES e meia dúzia de professores do próprio departamento, entre amigos, admiradores e outros mais próximos da sua linha de trabalho e pensamento .  Eu tinha meu gosto pessoal pelo trabalho do autor e havia lido algumas de suas obras, na época o melhor intérprete e anunciador de Nietzsche neste país medieval. Na hipótese de que o governo FHC não tivesse quebrado a universidade naquele ano ou pocado de vez com noventa por cento das bolsas de pesquisa na área de

Leituras

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  H.H. e a destruição da sintaxe enquanto possibilidade: quebrar a estrutura da fala que enuncia para fundar uma lírica  do absurdo em um sujeito que pode não estar lá

Dia da Terra

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Café

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  (Poema em intenção de cordel) -------------- Para Ariano Suassuna I. Moço, toca mais à frente, que nosso lugar ainda não é aqui -- ele disse -- e do Alto Calçado chegou: pouca herança, o braço forte Pés pisando duro, peito cheio de esperança e um  sentido seguro para os negócios Vinha assim o velho, e subia a montanha com olhos de amanhã. Nas mãos o menino baixando a meio caminho a  visão sobre o vale A saudade e o sumo do que deixou para trás´ "quero é mais: terra nova, vento frio batendo no rosto" "Verde, tudo verdim, rio não longe, mina d'agua eeeh, ôoooa boi! quase tudo a meu gosto!!" O altiplano bom para o cultivo da planta A junta de malhados ralando casco na pedra A mulher de lenço branco na cabeça Serenou-se feliz no território da Água Limpa --  um quadro em sépia na sala junto aos santos -- O espaldar dos filhos penteados e enfileirados como o olhar pedagógico do pai na cadeira Em volta, as madeiras de lei, o solar e o terreiro Gaiolas e mais gaiolas

Cedo demais

                                         em  memória de Márcia É porque em algumas pessoas a morte não cai bem. Não encaixa  Imaginar um fim para essa sua inteligência  Seu talento pra tudo  aonde botava os olhos e o coração : biologia, enfermagem, mãe, cuidar de gente: campo  que sempre me pareceu o seu natural. E nos últimos tempos, no jurídico,  uma guinada de carreira, como   induzindo o mundo a se rearranjar em  novos espaços para  agasalhar tamanha força benigna em erupção Imaginar um fim súbito pra isso tudo, um fim maldito Obra de misérias coletivas e mitos  que nos aterrorizam nesta triste terra  até mais do que o próprio vírus Um fim súbito para sua risada sagaz convulsiva e meio fora de hora, que não tinha Cristo capaz de parar  a não ser sair de perto e tomar um ar  um sossego, um copo d'água (Risada meio dolorida depois do  aparelho, motivo de tanta piada da turma e pirraças. Onde já se viu "véio" usar aparelho?) No entanto somos os que mais precisamos deles

O Pequeno Sol

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E o futuro pai desabafava com um amigo, desses que sempre têm o toque certo: "O parto é mês que vem e eu já li a porra toda de revistas  e ainda não aprendi nada sobre crianças". O cara ,do alto de sua garrafa de cerveja, responde, todo chinês: "Não se preocupe, ele  é que vem pra te ensinar. Você vai aprender com ele. Portanto, cabe ficar com a mente aberta e os ouvidos atentos". ------ Recentemente casados, não demorou três verões para que ela engravidasse. No início, susto e ansiedade pelo inusitado da coisa toda. Ambos muito novos, a vida ainda por fazer e a experiência cósmica e existencial apavorante de engendrar um terceiro ser humano pela frente.  Passados uns dias da notícia, como em tudo na vida, a consciência maior das grandes coisas foi se assentando e agregando a si as melhores expectativas ao preparar mentes e corpos para o importante papel a ser exercido. Em pouco tempo,  aquela menina de 22 anos exibia a mais linda barriga que ele já tinha visto. Rad

Menino, trem!

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  Menino, trem! [ "Meninos soltando pipas", tela Candido Portinari]                                                                                                               

Novas trincheiras

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  https ://outraspalavras.net/movimentoserebeldias/para-tempos-asperos-guerrilha-comunicativa/

As mulheres e a escrita erótica

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A potência inafastável de Eros contra Thanatos Belo artigo da rev Piauí/Março https://piaui.folha.uol.com.br/materia/putaria-com-final-feliz/  

8 de março

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Coisa bonita, esse trabalho de Augusto de Campos sobre a fabulosa guria cuja obra  é ainda pouco conhecida neste país estranho.

Os dias

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Os dias - Poemas     

O Aleph - 10 anos

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Comemoração extemporânea, na verdade, porque desde abril de 2010, lá se vão 11 anos já, da criação deste Blog. Mas em abril 2020, quando a bomba Covid já fazia tantos estragos, não senti qualquer motivo pra comemorar qualquer coisa. Na verdade, quase parei com a escrita de vez. Muitas felicidades lancei aqui, muitas dores e catarses também. Belezas, terremotos e momentos de silêncio espacial necessário para recuperar o fôlego depois de uma grande alegria ou tristeza. Não houver nenhuma outra função para os textos, ao menos a mim me consolam tê-los escrito. Penso que a escrita, no fim das contas, pareia com a vida, com a respiração, com os fluxos em geral, tanto humanos quanto da natureza, em suas manifestações. Você pode metabolizá-los, metaforizá-los, mas não se deve tentar contê-los O fato é que, nesse período de mais de 10 anos de escrita compulsiva, o Blog foi meu grande "arranjador", um imenso facilitador para organizar, editar, manter o foco, em vez de simplesmente perd

Polanski

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O cinema, sendo a grande arte contemporânea. Pelo fascínio que exerce, a sinestesia tomando vários sentidos ao mesmo tempo e ensaiando as possibilidades estéticas em diversos campos.  É a paixão incondicional pela fotografia, o registro mágico da pintura e do movimento. É o eixo do roteiro, portanto narrativa e história. Diálogos e aberturas que evocam a identificação ou olhar crítico do público por tornar suas vidas algo digno de ser encenado. É música que enseja a maior intensidade nos andamentos, as pausa s de silêncio e fôlego e os exageros da adrenalina na emoção do pulso rápido É teatro pela dramaticidade, o corpo em ação, a grande pegada dos diálogos, e de como se torna possível ir tateando a condição humana através da fala e do gesto E é poesia, no fim, quando mistura tudo isso num texto aberto para propiciar a criação de novos mundos no espírito do espectador ---- Trabalho belíssimo de Polanski -- ele que segue fazendo o que Woody Allen não conseguiu de uns anos para cá, propo