Voz
Impregnado-me de Pessoa no meu melhor espírito, absorvendo gentes enquanto ando pelo mundo. Como poderia não ser assim? As muitas faces de um autor assumindo sua multiplicidade não apenas como artifício literário, como tantos, ou razão velada para não ter que assumir suas posições, mas como necessidade criadora essencial de externar, da forma como recebe e processa, os impactos da vida em sua linguagem própria. Que não é estática, mas está sempre em movimento. A linguagem a se criar na medida em que a interação entre corpo e mundo se incrementa, fazendo história. Não há um "bom" nessa história, assim como não há um "mau". Para a relatividade da arte, tudo é motor. Tudo é, ou deve ser, razão e motivo e inspiração. É muito mais, essa heteronomia, porque nele a visceral autenticidade e universo caótico criador é impensável como compartilhamento enquanto o verso não se fez. Só depois. Cada face de Pessoa não é um fake, é uma voz autônoma, criada na plasticidade da