A Tempestade
Renascendo depois de um tenebroso e seco inverno, eu vi sua chegada verde, anunciada e úmida por entre chuvas temporais, calores estivais flutuando cheiros. Eu e as árvores olhando para as nuvens, na esperança da sua volta. Os arautos de vento que dançam janelas, entrevistam portas e recomendam gotas, esses sabem as notícias antes que o mundo as faça. Toda chuva tem sempre sua escola de espreitar o momento certo. Com as primeiras gotas, contempla-se de uma janela esse liquefazer de todos os seres vivos, como se através do olho mágico de uma porta secreta eu pudesse contemplar o próprio mundo em espiral infinita, movendo-se no ritmo de torrentes seguidas enquanto uma leva de seres felizes por poder navegá-la sem paradas, sem atropelos, simplesmente flui. Sob a ponte de madeira grossa, mas incompleta em sua latitude, ruge o rio vermelho, com esse temeroso som desbarrancador (familiar a quem habita suas margens), curvando violento poucos metros à frente, enquanto arrasta margens, cerc