Poeta é o que (r)existe
A poesia jamais se cala Nasceu sem ser convidada Do lugar de onde veio a fala De um espaço que -- tornado tempo -- gerou música Celebrada, incensada Proibida, cuspida Ritualizada e marcada no barro Falou com os deuses Habitou oráculos Conjugou as preces Conduziu multidões Esculpida em vida sobre a pedra Testemunhou o auge e a ruína dos reinos do Nilo As incomensuráveis riquezas persas ainda hoje tão corpóreas (o poeta e sua memória) Testemunhou a guerra das guerras Onde deuses e homens disputavam a narrativa de um mundo maior Viveu a decadência de Atenas Foi expulsa da República por Platão [mas não sem antes ele ter se embriagado de Homero Píndaro e Hesíodo Platão que sabia, como ninguém da vocação do verso, do seu poder Sua capacidade de subverter o óbvio, e não se submeter: o destino de criar o novo E isso sendo a materialização do medo para os que dominam a velha ordem] Vivenciou guerras, massacres O êxtase coletivo dos vencedores A d