Das pequenas memórias de ser
Dia desses mandei fazer um carimbo com meu nome gravado e a profissão de escritor Na minha imaginação, gosto sempre de sentir que sou, na verdade, um escritor que, ,como tantos, não consegue viver de livro e que preciso me valer de uma outra atividade para garantir a pena, e não o contrário como inúmeros o fizeram antes de mim É bom, isso. Admitir uma paixão como vida Acho que o mundo sempre dói menos porque tudo o mais parece coisa menor diante do pulso criador e a existência de um objetivo Essa coisa meio Flaubertiana, desde que o mundo é mundo, e a escrita não bastando ser a mais profunda e complexa arte entre as artes, sempre sendo das mais difíceis, não por critérios técnicos mas por razões da intangibilidade física do seu objeto O moço dos carimbos estava quase jogando fora quando, três meses depois, fui lá buscar Ele me disse, na ocasião, me encarando de repente com um olhar curioso que em cinco anos de loja eu era o primeiro a pedir esse tipo