Asas de Artistas
Vieram diferentes, hoje contra os quadros do morro Pra mais de cem Um certo arrepio destes tempos me subiu frio pela espinha Mau agouro? Fim de mundo, esse clima de tudo queimado Avesso às secas e queimadas ando criando pequenas criaturas no quintal que ganhou imensa vida depois da goteira permanente virar piscina pra bicho no balde Não conseguia cessar a goteira Não consigo nem saber de onde vem tanta água mesmo com o registro fechado Bombeiros, remendos, bóias Desisto, ao menos por hora Passei a ver a metade cheia do balde É cada mergulho de Bem-te-vi que dá gosto de ver Ao redor, o matinho verde se alvoroça limando o cimento velho Cimento bom é o que ganha pele Soberanos em paradeiros de ar Os urubus voam com o pouco- esforço só no leve-levinho Os ossos ocos asas longas e graciosas Não é difícil ver os ponteiros "Urubru-cruzeiro", como dizia Seu Antônio As asas no alto têm um formato diferente do bigodinho de Dali, e voam apartados dos demais As espirais